Chiquinho / Lopes, Baltazar - 7ª - Portugal : ALAC , 1993 - 300 páx. ; 15,5 cm X 25,5 cm

A obra “Chiquinho” do autor cabo-verdiano Baltasar Lopes é uma obra de referência e um marco incontornável da literatura lusófona. O autor e a obra tornaram-se símbolos de um momento de viragem na literatura cabo-verdiana.
Chiquinho é considerado por vários críticos a primeira obra genuinamente cabo-verdiana, porquanto traça fielmente a vida no arquipélago na primeira metade do século XX: a ligação à terra e o significado do convívio no seio da família; a descoberta do mundo através das letras; a necessidade de contacto com as ilhas, neste caso, São Vicente, para frequentar o liceu; a emigração como saída para uma vida melhor. Elementos, aguçados pela condição insular, que interferiram de forma decisiva na formatação da identidade do povo das ilhas.

Este clássico da literatura cabo-verdiana já teve várias edições, em Cabo Verde e Portugal, mas encontra-se esgotado há vários anos. A obra já foi editada em francês, italiano, checo e russo.

Fonte

Organizado em três partes - Infância, São Vicente e As-águas - o romance desvenda ao leitor as agruras das gentes de Cabo Verde nos anos 30, das dificuldades vividas, da fome e da esperança.

Na primeira parte narra-se, com intensa saudade, o tempo da primeira infância, passada em ambiente rural, afetivo, entre o mundo familiar, as primeiras letras e as brincadeiras. Na segunda, já na cidade do Mindelo, assiste-se à passagem para o liceu, aos amigos de tertúlia, ao primeiro amor, aos sonhos e à sociabilização da personagem principal. Na terceira parte, o próprio título, “As-águas”, nos remete para o problema da falta, isto é, da tragédia da seca e da morte, e a revolta de parte da população.

Biografia do autor:

Baltasar Lopes da Silva nasceu na aldeia do Caleijão na ilha de São Nicolau, em Cabo Verde, no dia 23 de abril de 1907. Tendo concluído os seus estudos secundários no seminário de São Nicolau, viajou para Portugal para estudar na Universidade de Lisboa. Durante o seu tempo em Lisboa, Baltasar Lopes estudou com importantes nomes da cultura portuguesa, como, por exemplo, Vitorino Nemésio e Luís da Câmara Reis. Formou-se em Direito e Filologia Românica, tendo sempre obtido excelentes notas durante os seus estudos na Universidade de Lisboa. Depois da universidade, Baltasar Lopes regressou a Cabo Verde, onde exerceu o cargo de professor no Liceu Gil Eanes em São Vicente. Após alguns anos foi nomeado reitor deste liceu.

Chegou a deixar a colónia portuguesa mais escolarizada para ensinar em Leiria (Portugal) por um breve período, mas devido às dificuldades de relacionamento com a política portuguesa daquela época, regressou para Cabo Verde onde continuou educando e exercendo a advocacia. Os seus últimos dias foram passados em Lisboa, para onde foi transferido para ser submetido a tratamento de uma doença cerebro-vascular, falecendo pouco depois, no dia 28 de maio de 1989.

Foi dos fundadores da revista caboverdiana Claridade, uma revista de contos, ensaios e poemas.

Obras de Baltasar Lopes:
- Chiquinho (1947);
- Cabo Verde visto por Gilberto Freyre (1956);
- O dialecto crioulo de Cabo Verde (1957);
- Antologia da Ficção Cabo-Verdeana Contemporânea (1961);
- Cântico da Manhã Futura (poemas - 1986 - com o nome poético de Osvaldo Alcântara);
- Os trabalhos e os dias (contos - 1987).


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